Conversa de banheiro: o zero e os outros números

dezembro 12, 2011 às 10:24 pm | Publicado em Uncategorized | 5 Comentários
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Restaurante, você e quem você quiser imaginar, não vou me meter nas companhias alheias. Garçom com cardápio. Pedidos anotados. Começa o dialogo.

– O que vai beber?

– Refrigerante.

– Zero?

– Não, normal.

– Tem zero.

– Eu sei, mas quero normal mesmo.

(olhar estranho do garçom… você como culpada ou culpado)

Zero. Até outro dia, ninguém gostava muito dessa palavra. Significava nada, tinha até piada: você é um zero a esquerda. Mas, assim como o cupcake roubou a cena do bolo de bacia, o zero ficou famoso. E se você não é amiga do zero, meu bem, se prepare para as caras estranhas quando você preferir o normal. Ah, também pode começar a pensar nas respostas quando, no trabalho, alguém perguntar por que você come biscoito sem ser ZERO gordura trans.

Se chegarem na sua cozinha e você abrir o açucareiro, lascou. Para que açucareiro se agora é tudo adoçante, ZERO açúcar? Temos congelados light, manteiga light, atum light, chocolate diet e o Mc Donald’s está vendendo SALADA. É ou não amor ao zero?! É tanto amor que até o amor, sim, aquele sentimento nobre, também está light. Aquela coisa sem graça, sem gosto, sem afetação e sem sujar a roupa, tal qual o molho de tomate do prato com gordura trans. E quando falo em amor é no geral, nem precisa ser romântico.

Perdemos os números grandes, não temos mais tempo para eles. Aliás, o tempo também virou zero. Zero horas para família, zero horas para você mesmo, zero horas para ler um livro legal, zero horas para dormir. Zero amigos da vida real, trocentos no Facebook. Zero sorrisos reais, mil posts de “estou feliz”. Zero paciência, zero respeito, zero verdades.

As pessoas só gostam de números quando a esteira/bicicleta diz: 500 calorias gastas, ai quanto mais zero, melhor. Quanto mais zero no preço de uma bolsa, quanto mais zero no valor do carro, muito melhor. Outro dia, Danuza Leão falou à revista Claudia “bons tempos aqueles que a gente comia sem culpa”, ela tem ZERO inveja de nós, da nossa geração. Feliz ela.

O zero é um bom amigo dos precisados dele, aqueles com diabetes, pressão alta e etc. Nós, com apenas 2 ou 3 kilos a mais, podemos curtir um relacionamento aberto com o zero, mas não precisa fazer dele o amor da nossa vida.

Zero, bem vindo a minha culpa, nela você tem espaço.

😉

Gabi

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